Saturday, October 07, 2006

Ensaio Sobre A Cegueira

Este livro deixa-nos colados à cadeira, petrificados, de lágrima no canto do olho. É lindo e terrível. São trezentas e tal páginas de tortura e sofrimento. O romance conta a história de uma praga de cegueira, inexplicável e incurável, que começa num homem sentado no trânsito e, lentamente, se espalha pelo país. À medida que os afectados pela epidemia são colocados em quarentena, em condições desumanas, e os serviços civis começam a falhar, a história segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afectada pela doença que cega todos os outros. O romance mostra-nos o desmoronar completo da sociedade que, por causa da cegueira, perde tudo aquilo que considera como civilização e, (tal como em A Peste, de Albert Camus) mais que comentar as facetas básicas da natureza humana à medida que elas emergem numa crise de epidemia, Ensaio sobre a cegueira mostra a profunda humanidade dos que são obrigados a confiar uns nos outros quando os seus sentidos físicos os deixam. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registo da sobrevivência física das multidões cegas, mas também das suas vidas espirituais e da dignidade que tentam manter.
Na contracapa, Saramago escreveu: "Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara." (Livro dos conselhos)

1 comment:

Maltez said...

Gostei de ambos os três. Saramago é bom. Beijo